Vem, anda comigo pelo planeta! Vamos sumir!!! Vitor Ramil

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

"Ouvir o silêncio pode ser fundamental"

Esse verso do grande poeta, maluco, perfeito, Marco Gottinari me chamou para a música A Semente e o Barro, e nunca mais parei de tê-la na cabeça...
De tão forte quis tocá-la com meus alunos. E chamar a atenção dele para o silêncio!
Definimos que, durante o canto dessa música, logo após a frase: "Às vezes ouvir o silêncio pode ser fundamental" nós ficaríamos em silêncio. E até sem movimentos! Uma brincadeira de estátua, que para eles requer grande concentração, pois até a vontade de rir é enorme...
Assim ensaiamos, e assim fizemos, ontem, pela primeira vez em público.
E qual não foi nossa surpresa???
Nosso público, tão alheio ao silêncio, não ouvia nada do que dizíamos (na verdade nem nós nos ouvíamos) achou que a música havia acabado ali (mal começara...) e, por puro respeito, quando nos viam parados, aplaudiram...
Acredito que meus alunos tenham entendido o que aconteceu durante toda apresentação.. O espaço era muito grande para o pouco som que tínhamos e grande parte do público não parou. Nós até que fizemos nossa parte...

Daí, nesse momento especial na minha vida, estava lendo essa semana algumas coisas do Rubem Alves (um cara que eu não conhecia muito e tinha certo preconceito (assim como tinha preconceito de artesanato) antes de conhecer a Mirela) e ele dizia: "É do silêncio que nasce o ouvir. Só posso ouvir a palavra se meus ruídos interiores forem silenciados. Só posso ouvir a verdade do outro se eu parar de tagarelar. Quem fala muito não ouve".
Perfeito, né?
Eu escuto tanta gente... Será que às vezes deveria falar? Algumas pessoas conseguem me escutar. Em alguns grupos de pessoas eu consigo falar... Aquela coisa de pertencimento que já escrevi aqui. Tem lugares que eu não me insiro de fato, daí não falo nada. Tem pessoas com quem eu consigo falar muito, sobre quase qualquer coisa... Tem dias que eu consigo falar... Tem dias que não. Mas ouvir (acho que por uma razão bem clara e óbvia para mim) é a minha principal qualidade, para a qual eu dou mais atenção...

Que possamos nos escutar por aí...

sábado, 22 de setembro de 2012

Fazer fogo...

O fogo sempre me encantou. Desde pequena gostava de sentar no banquinho branco (naquela época era branco), no cantinho da cozinha, abrir a porta do fogão e ficar mexendo no fogo. Pegava uma "talisca" e ficava empurrando as brasas, de um lado pro outro... Quando parava (geralmente por que a mãe mandava) estava com o rosto tri vermelho... Era bom, esquentava. Encantava.
Depois de ir morar em Pelotas (morar mais ou menos, né! Quase todo fim de semana estou aqui) o valor do fogão à lenha ficou mais claro. Nos dias de frio eu e a Carla ligávamos a estufa, mas lamentávamos a falta de um fogão... Eu pensando no calor e no barulhinho infinito da água quente, ela pensando no pinhão...
Nessa época comecei a ter o prazer de, quando vinha pro Morro, colocar um jaquetão, descer,pegar o machado, escolher a lenha perfeita e fazer a talisca... Encher o cesto de lenhas secas, catar um pouco de jornal e papelão no porão e subir. Sentar naquele mesmo banquinho (que agora ganhou algumas cores) e ficar ali, medindo o que colocar primeiro, qual talisca, qual lenha, qual pedacinho de papelão... E depois que o fogo meio que pegar, seguir abrindo a porta do fogão de 3 em 3 minutos, pra garantir o serviço perfeito... E como é bom ouvir a primeira chiada da chaleira...
Pensando, hoje, fazer o fogo me parece um exercício de paciência. Não para quem faz isso naturalmente, enquanto faz o trabalho da manhã, todos os dias. Mas para mim é quase um ritual... 
Mãe, tu jogando álcool sem para no fogão me fez pensar isso... :) Um pouco de calma (para quem tem tempo) sempre é bom! 
Hehehe