Vem, anda comigo pelo planeta! Vamos sumir!!! Vitor Ramil

domingo, 6 de março de 2011

Ah, no meu tempo o carnaval...

Pra começo de assunto eu não gosto de Carnaval. Não gosto desse tipo de samba. Não gosto de dançar. Axé Music me enjoa. Lembro-me sempre do Renato Russo: "vamos comemorar como idiotas a cada fevereiro feriado, todos os mortos nas estardas, os mortos por falta de hospital"...
Mas talvez não tenha sido sempre assim. Hoje conversando com um amigo chileno (que ama o Brasil), tentava-lhe explicar que, sendo o Brasil um país enorme, o carnaval nõ é um evento único e não está em todos os lugares. Saúl pergunt-ava-me como era o carnaval em minha cidade. Nada. Não tem nada, quem gosta de festa vai para outros lugares. Desfiles de escolas de samba, em Pelotas (do jeito que dá), ou na TV. Carros humorísticos e máscaras, São Lourenço. Trio Elétrico, Jaguarão. Bailes de Clubes: Canguçu. Chatôs (alungar uma garagem, juntar os amigos e beber todas), Piratini e Formigueiro (heheh)... Não tão restrito, ocorrem variações nas festas dessas cidades, mas isso é o que parece que mais marca de cada lugar. E Morro Redondo...
Bom, conversando com as pessoas que tive contato agora, nesses dias de carnaval, o assunto de antigos carnavais é inevitável. E quase todos são da mesma opinião. Nenhum aprova o que vem se chamando de carnaval de Morro Redondo nos últimos anos: duas semanas depois do feriado oficial da festa, uma escola de samba de alguma cidade próxima é convidada para desfilar por aqui. Gasta-se dinheiro público. As pessoas daqui são meros expectadores. Resta-nos o lixo no dia seguinte...
E todos lembram-se com saudade e nostalgia dos carnavais de outros tempos: mascarados, que caminhavam pela Jacarandá a fora, ao som de algo próximo ao samba (ou maracatú?), acompanhados por pessoas sem fantasias, famílias, mas guiados por personagens muito marcantes: OS BICHOS. Não faço a mínima ideia de onde surgiu esse tipo de carnaval. Mas esse era nosso. Lembro vagamente de toda bicharada, pois eu era bem criança quando eles começaram a desaparecer... O Galo, gigante, desproporcional... A Girafa (lembro só de ouvir falar), o Cavalo (muito engraçado, com duas patas, as pernas do seu cavaleiro!) e o Boi! O boi era um carnaval à parte! Era a alma daqueles desfiles... Na verdade não era um boi só. Acho que eram três. E eram bravos! Ai de quem tivesse medo deles! Eles realmente corriam atrás! E todos iam juntos, rindo, brincando... Na memoria de quem viveu esses carnavais ainda resistem histórias das perseguções dos bois! Tudo sem violência!
De onde pode ter vindo essa tradição? Assunto para pesquisadores. Infelizmente não é mais uma tradição. É só história...
Ah, eu amo carnaval! Lembro de participar da caminhada (não era desfile de carnaval) com meus familiares, lembro do dia que o boi entrou aqui em casa (era um vizinho amigo nosso o boi naquela noite!), lembro de ter participado mascarada em dois ou três anos... Todo mundo ia no carnaval, que terminava em festa aqui na vila, ou no salão da comunidade Católica, ou mesmo na canchinha... E nesse baile tocava... Tocava qualquer música! Principalmente bandinha. Afinal, não é de nossa origem ouvir, dançar samba! Claro que saía um ou outro, assim como tocavam também as famosas marchinhas de carnaval... Uma festa normal. Uma festa nossa.
Eu gosto de carnaval. Do nosso carnaval. Não gosto das notícias de bebedeiras e acidentes e não gosto dos G.R.E.S. (como já diz uma das minhas bandas favoritas, o Patofu)...
Eu tenho só vinte e poucos anos. Acho que ainda é tempo de resgatar o nosso carnaval...

3 comentários:

Rutinha disse...

Era um boi só....de cada vez.
Criador dessa ideia,pai de João Paulo,Elpídio da Silva,de onde ele tirou não sei....talvez da TV.Se teve outra pessoa antes ,não lembro.Adorei!

Tereza disse...

Oi Vitória, eu fiz prte desse carnaval, lá por 72 a 74, quando morei lá perto da fábrica da minuano. Acho que posso te judr resgatar a história..... do galo principalmente. Não sei se a ideia original foi dele, mas meu irmão Jorge fez o galo ( acho que o 1º) era de uma cabeça de porongo, e depois fez um coelho também. Um dos insentivadores do carnaval era realmente seu Elpídio e no morro de cima meu avô Alberto ( uma pessoa muito divertida que amava o carnaval) Lembro que a gente esperava o pessoal vir do "Fiss" e depois entrávamos todos. Íamos até o independente. ah As músicas eram mesmo as marchinhas antigas de carnaval e outras inventadas por alguns mais criativos.
Agora temos um ponto em comum: Renato Russo.

Tiarles Rodeghiero disse...

Pois é, concordo plenamente... Tenho boas lembranças disso.
Eu nunca "pulava" esse carnaval por que também era pequeno e ficava só na sacada de casa assistindo ansioso o boi quase pegar seus provocadores. Era massa!
No fim o carnaval parou de passar aqui e fiquei bem triste. A rotina do calendário anual tinha sido bruscamente quebrada. Era a ludicidade dos episódios da infância se esvaindo. Nada de ninho de papel picado para o coelho da páscoa, nada de pelada no estádio - lotado - da maristela, nada de perseguição do boi no carnaval...

Uma vez, lá pelo fim do ano, fui na 'cancha de bocha' chamar meu pai, pois tinha chegado visita, e quando entrei no galpão da cancha, lá estava o boi, pendurado no teto. Aí a nostalgia do carnaval me veio à cabeça; um forte indício de que para mim o carnaval também era aquela ludicidade do boi e outros "animais alegóricos" correndo atrás dos foleões...
Nota: Em um dos episódios do CHAVES tem uma armação de ferro com uma cabeça de boi empalhada na ponta. Imagino que lá haja um costume mais antigo do qual o nosso foi meio que copiado.

E o nosso "samba" era "maracatu" mesmo, samba quase não tinha, era só batucada! E no fim tinha até bandinha mesmo(rsrsrs). A batucada era só para correr na rua...
Eu sou fascinado por bateria e acho a percussão o elemento mais contagiante da música... Acho que isso explica o entusiasmo de toda nossa variedade étnica dançando ao redor dos batuques.

E falando em Renato Russo, tu viu que agora tá virando moda falar mal de Legião Urbana??? Já vi várias pessoas influentes queimando a banda. ¬¬
Antes ninguém gostava por que era rock e o Renato era gay, aí depois da morte dele bateu a febre Legião e era até CULT ouvir, mas agora tiraram para dizer que era uma bandinha "fogo de palha" com temática tristinha e vazia...

Nossa cultura tá ficando cada vez mais tosca. E dar "RESTART" não resolve! Hahah